Vinte anos após o derrube do Muro de Berlim, que simbolizou o fim do comunismo no leste da Europa, é geral a insatisfação com o capitalismo no mundo, indica uma sondagem hoje divulgada pela BBC.
Só 11 por cento dos inquiridos em 27 países considera que a economia capitalista funciona correctamente e 51 por cento acha necessária mais regulação e reforma para a corrigir.
Apenas em dois países - Estados Unidos (25 por cento) e Paquistão (21 por cento) - mais de 20 por cento dos inquiridos acha que o capitalismo funciona bem na sua forma actual.
A sondagem, realizada entre 19 de Junho e 13 de Outubro junto de 29 033 pessoas, foi publicada no dia do 20.º aniversário da queda do Muro de Berlim, num momento em que o mundo enfrenta a pior crise económica e financeira desde 1929.
"Parece que a queda do Muro de Berlim em 1989 não terá sido uma vitória esmagadora do capitalismo de mercado livre, contrariamente às aparências da época, em particular depois dos acontecimentos dos últimos doze meses", comentou Doug Miller, presidente do instituto de sondagens GlobeScan, que realizou a sondagem.
Pouco mais de metade dos inquiridos (54 por cento) aprova o desmantelamento da União Soviética, enquanto que 22 por cento o classifica como uma "coisa má" e 24 por cento não se pronuncia.
Os norte-americanos (81 por cento) são os que se mostram mais favoráveis, à frente dos polacos (80 por cento), alemães (79 por cento), britânicos (76 por cento) e franceses (74 por cento).
No leste, os checos são menos afirmativos em relação a esta questão (63 por cento), enquanto que os russos (61 por cento) e os ucranianos (54 por cento) acham lamentável o desaparecimento da URSS.
Em média, 23 por cento dos inquiridos considera que o capitalismo tem defeitos irremediáveis e que é indispensável um novo modelo, sendo os franceses os que mais pensam assim (43 por cento), seguidos pelos mexicanos (38 por cento) e brasileiros (35 por cento).
Uma maioria dos inquiridos em 17 dos 27 países defende uma maior regulação do mundo financeiro, sendo os brasileiros os mais favoráveis (87 por cento), à frente dos chilenos (84 por cento), franceses (76 por cento), espanhóis (73 por cento) e chineses (71 por cento).
DN